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Para quem trabalha com marketing digital, o termo “programas de afiliados” provavelmente lhe diz alguma coisa. No entanto, são poucos os marqueteiros que utilizam os programas de afiliados como uma forma de rentabilizarem o tráfego dos seus sites e blogs. No evento que organizo desde 2012, juntamente com o meu sócio Flávio Raimundo, o Afiliados Brasil, procuramos fomentar este mercado e dar aos mais de 2.000 participantes ferramentas e insights sobre como trabalhar com programas de afiliados e marketing de afiliação. É um mercado em crescimento e com um potencial de rentabilização incrível. É o modelo de negócio perfeito para as empresas, agências, produtores de conteúdo e influenciadores de mercado.
O primeiro programa de afiliados do mundo foi criado originalmente em 1996 pela Amazon, quando a empresa norte-americana lançou o seu Amazon Associates, que até hoje funciona e é utilizado por milhões de pessoas em todo o mundo. Desde essa altura, os programas de afiliados cresceram ao ritmo da tecnologia, com os modelos de atribuição, cookies e todas as funcionalidades que hoje permitem controlar todo o trabalho feito, ao contrário do que antigamente era possível.
Independentemente de já ter trabalhado com programas de afiliados ou não, este artigo pretende ser um guia completo e compreensível sobre como usar o marketing de afiliados para ganhar dinheiro e rentabilizar eficazmente o tráfego de sites e blogs.
Índice
Existem diferentes tipos de programas de afiliados e de estratégias para os promover corretamente. Logicamente, existem plataformas de afiliados que oferecem diferentes programas, de diferentes empresas, com modelos de rentabilização diferentes também. Existem variados tipos de programas de afiliados, de acordo com as exigências e necessidades de cada uma das empresas que os promove. Cada modelo tem uma finalidade única, sendo que o próprio modelo de rentabilização faz com que a sua estratégia tenha que se adaptar.
Estes são os formatos e nomenclaturas mais comuns e populares, embora seja possível encontrar outros em algumas plataformas de afiliação.
Por norma, em termos de programas de afiliados, o método de funcionamento e conversão é quase sempre baseado no mesmo ciclo:
Este ciclo básico é hoje um ciclo bastante mais complexo, com desdobramentos em termos de tráfego, modelos de atribuição, cookies, regras de comissionamento (Last Click, First Click, Multiple Cookie Count), etc. Existe toda um leque de opções, configurações e ferramentas que nos permitem entender tudo aquilo que acontece dentro e fora do nosso website, o que nos dá um maior entendimento sobre quais estratégias implementar para aumentar as conversões.
Há alguns anos, aquando de um qualquer update ao algoritmo da Google, a empresa norte-americana lançou uma atualização chamada de page layout, que basicamente incidia sobre os sites e blogs que colocavam publicidade em primeiro lugar e o conteúdo em segundo. Para o Google isso era a forma errada de se trabalhar, e juntamente com as penalizações que os sites e blogs começaram a sofrer por estarem a relegar o conteúdo para segundo plano, a empresa lançou também algumas imagens que explicam, de acordo com a visão da empresa, como estruturar corretamente um site ou blog. Vejamos:
De acordo com a Google, que por acaso detém o maior programa de afiliados do mundo, o Google Adsense, esse é o esquema perfeito para trabalhar conteúdo e conversão, sem prejudicar aquilo que é mais interessante para o usuário, que, neste caso, é consumir o conteúdo. Se repararmos, para a Google, a publicidade ou está fundida com o conteúdo ou tem um lugar bem definido entre o conteúdo.
Se pensarmos que para a própria Google essa é a forma mais correta de posicionar os banners publicitários de Media Display, imagine para um afiliado. Embora o Google Adsense trabalhe com anúncios de imagem e texto que se adaptam ao conteúdo escrito nos sites e blogs, a realidade é que um afiliado também não vai promover um produto descontextualizado com a sua audiência, como por exemplo, recomendar um produto dietético num site sobre automóveis.
Portanto, para quem tem um site ou blog, recomendo sempre seguir uma estrutura de posicionamento da publicidade semelhante a esta que o Google recomenda. Não apenas porque é aquela que faz mais sentido, mas sobretudo porque funciona e continua a dar liberdade ao usuário de consumir o conteúdo em primeiro lugar.
Afiliados não são trabalhados da mesma forma que os anúncios do Google Adsense!
Para quem trabalha com sites e blogs, utilizar estratégias de conversão on-site é fundamental para ter sucesso com programas de afiliados. Independentemente da quantidade de tráfego dos seus sites ou blogs, rentabilizar esse tráfego é fundamental. Profissionais que não rentabilizam o seu tráfego são semelhantes à ideia de abrir uma janela e jogar dinheiro por ela. Simplesmente não faz sentido!
Se considerarmos que o seu site ou blog é um ativo, esse ativo tem obrigatoriamente de ser rentável. Da mesma forma que um fundo de investimento precisa gerar receita, um site ou um blog também. Não só pelo fato de que ele tem tráfego, mas também pelo fato de que ele tem custos. Custo com renovação do domínio, custo com alojamento (hospedagem), custo com manutenção, etc.
Comecemos pelo display advertising. O formato de anúncios mais comum em sites e blogs, e um dos mais antigos da internet. Na realidade, em 1998, um banner de publicidade tinha um CTR de 98%, ou seja, a cada 100 visitantes a uma página, o banner recebia em torno de 98 cliques. Nos dias de hoje, um CTR de 1% pode considerar-se, em muitos casos, um resultado bastante positivo. Isso significa 1 clique a cada 100 visitantes.
Esta mudança na forma como o público consome o conteúdo e, principalmente, a forma como vê a publicidade, obriga a que produtores de conteúdo e bloggers sejam mais criativos e entreguem um valor acrescido aos seus leitores. E o display advertising também precisa de ser trabalhado por forma a criar um valor acrescido ao utilizador.
No caso do display advertising, existe uma regra muito simples: os melhores locais geram as melhores conversões. Isto significa que se os banners publicitários que pretende utilizar não estiverem posicionados em locais de destaque, a conversão dificilmente será positiva. É fundamental posicionar os banners publicitários em locais “above the fold” (acima da dobra, antes do usuário fazer scroll), onde o usuário os consiga visualizar corretamente sem a necessidade de fazer scroll. Isso aplica-se tanto na homepage quanto nas páginas de conteúdo.
Uma das frases que mais utilizo nas minhas palestras é: display não converte!
Digo isto por uma razão muito simples. Se olharmos para o CTR comum em banners display, percebemos rapidamente que existem muitas outras formas de rentabilizar tráfego, que convertem bastante melhor. Na verdade, na minha opinião, display só funciona bem quando o usamos como forma de fazer remarketing. Nesses casos, o display funciona bastante bem, com a vantagem de que o utilizador já viu o nosso conteúdo e será impactado de uma outra forma pela publicidade. Na realidade, estaremos a apresentar um anúncio com base em algo que ele viu no nosso site e isso é extremamente poderoso.
O e-mail marketing é outra forma extremamente poderosa de trabalhar programas de afiliados. Na realidade, afiliados, produtores digitais, bloggers, etc., todos eles usam o e-mail marketing como uma das principais formas de rentabilizarem os seus conteúdos e/ou comercializarem os seus produtos. Uma lista de e-mail marketing pode fazer maravilhas por um negócio online, independentemente do nicho de mercado ou do que você esteja a vender.
A captura de contatos para ações de e-mail marketing deve seguir os mesmos princípios da geração de leads, por exemplo. Falei sobre isso num outro artigo; e a forma como captura leads não é muito diferente da forma como capturam emails para uma newsletter. Na altura em que tinha o blog Escola Dinheiro, usava a captação de e-mails através de um pop-up bastante simples. Oferecia um dos meus e-books em troca da subscrição da newsletter e isso gerou-me uma lista de mais de 40.000 subscritores num período de tempo bastante curto.
Logicamente, o trabalho posteriormente realizado com essa lista de e-mails é fundamental. Se estiver constantemente a enviar propostas e produtos para a sua lista de e-mails, é bem provável que acabe por queimar a sua lista e simplesmente deixar de vender. É importante nutrir e trabalhar corretamente uma lista de e-mails. Algumas sugestões que lhe posso fazer:
Outro aspeto importante a ter em consideração é a quantidade de dados capturados. É fundamental percebermos que quanto mais informação capturamos, menor é a taxa de conversão. O que significa que se capturarmos apenas o endereço de e-mail, a taxa de conversão será muito maior do que quando capturamos endereço de e-mail e nome, por exemplo.
Há muitos anos que a célebre frase “Content is the King” ficou gravada para sempre na mente dos marqueteiros. Esta frase transmite a ideia de que o conteúdo é “rei”, ou seja, que através de uma estratégia de marketing e produção de conteúdo, é possível realmente fazer a diferença em termos de resultados.
Mas se trabalharmos corretamente o conteúdo e gerarmos tráfego, torna-se fundamental converter esse tráfego em dinheiro. Programas de afiliados são uma excelente forma de converter tráfego em dinheiro através de um bom conteúdo. Embora nos dias de hoje, seja mais difícil posicionar corretamente um site ou um blog nos resultados orgânicos do Google, a realidade é que produzindo conteúdo de qualidade, ficamos a um passo desse objetivo.
Em termos de conversão de programas de afiliados através de conteúdo, seja em sites ou blogs, existem várias coisas a ter em consideração. Vejamos:
Em alguns tipos de conteúdos, pode ser interessante inclusive a utilização de botões e call-to-action para um determinado produto em questão. No entanto, o mais importante é sempre a peça de conteúdo. É o conteúdo que vai gerar tráfego em primeiro lugar, portanto, capriche no conteúdo. Quanto mais completa sua peça de conteúdo for, maior é a probabilidade de conseguir um bom posicionamento na SERP e consequentemente angariar tráfego de qualidade para posteriormente converter em vendas através de programas de afiliados.
Outra coisa interessante a se fazer ao nível do conteúdo, é criar landing pages com reviews de produtos e comparar vários produtos semelhantes entre si. Quando comparamos produtos semelhantes por meio de reviews, damos ao utilizador a possibilidade de ele escolher um de entre vários produtos semelhantes. Isso aumenta a conversão nos produtos e deixa o utilizador mais confiante em relação à sua seleção. A juntar a isso, produzimos várias reviews de qualidade a respeito de cada um dos produtos, o que naturalmente é interessante para gerar conteúdo de qualidade sobre esse mesmo produto.
Recomendo também, sempre que possível, a utilização de rich snippets, que são aquelas cinco estrelinhas de votação numa review. Elas não existem apenas por serem uma forma dos utilizadores verem de 0 a 5 estrelas a votação sobre um determinado produto. Elas ajudam também a identificar os conteúdos nos resultados orgânicos do Google. Veja:
Você pode aprofundar seus conhecimentos sobre Rich Snippets aqui.
Quando a estratégia é focada fora do seu site, existem também muitas formas de gerar tráfego de qualidade e/ou conversões diretamente a partir de outros meios, seja promovendo conteúdo, fazendo anúncios no Facebook ou Instagram, etc. Divulgar os seus conteúdos fora do seu site, como estratégia para gerar maiores conversões é fundamental. Um pouco à imagem daquilo que falei num dos últimos artigos a respeito do Marketing de Conteúdo.
As páginas de Facebook, quando corretamente trabalhadas, são uma excelente forma de captação de tráfego. Naturalmente, com a queda do tráfego orgânico do Facebook, fazer anúncios torna-se fundamental para conseguir atingir bons resultados, ou pelo menos a garantia de que o público da página tenha acesso à informação publicada. É fundamental, portanto, criar uma estratégia de conteúdo que englobe não apenas os conteúdos posteriormente patrocinados, como também os conteúdos orgânicos, que façam com que a página tenha movimento regularmente e acabe por gerar interesse junto da comunidade. Isso é uma excelente forma de angariar tráfego do Facebook para os conteúdos chave do seu site, onde posteriormente poderemos converter esse tráfego em comissões de afiliado.
Se tivermos em consideração que ao promover um determinado conteúdo, conseguimos cliques para o site em torno de 10 centavos o clique, o que é que isto representa para o negócio? Se imaginarmos que com um investimento de 1000€, por exemplo, conseguimos um retorno de 10.000 visitantes únicos a uma determinada página, qual seria a conversão desse tráfego em comissões de afiliado? É esta a conta que precisamos fazer!
Este é um resultado de um artigo promovido através de anúncios no Facebook. Naturalmente, este tráfego tem de ter um objetivo concreto, seja ele gerar comissões em programas de afiliados, seja angariação de clientes, mais serviços de consultoria, enfim, qualquer coisa. Há sempre um objetivo quando se gera tráfego num conteúdo.
Se imaginar que isto é possível de ser feito, investindo muito pouco dinheiro, direcionando grandes quantidades de tráfego para conteúdos chave do seu site ou blog, páginas de reviews de produtos, etc., então temos a certeza de que o investimento feito no Facebook, pode realmente gerar um retorno substancial em comissões. Basta fazer as contas e acima de tudo perceber qual a conversão do tráfego pago no Facebook em clientes compradores de um determinado produto anunciado no seu site.
A realidade é que caso não consiga perceber pelo seu Google Analytics o nível de conversão em programas de afiliados, pode sempre olhar para os seus números na própria plataforma de afiliação, uma vez que perceberá com facilidade o aumento ou decréscimo do número de novas inscrições, novas compras ou qualquer outra métrica que esteja acompanhando com regularidade.
Naturalmente, a publicidade é quase sempre uma forma de atalhar o caminho. Uma vez que a produção de conteúdo é demorada, demanda tempo e acima de tudo paciência, especialmente no que ao SEO (Otimização para motores de busca) diz respeito, investir em publicidade é uma forma de acelerar esse processo e conseguir excelentes resultados num espaço curto de tempo. A juntar à compra de publicidade, existe também a compra de tráfego.
Comprar tráfego consiste basicamente numa estratégia mais agressiva de direcionamento do tráfego de um site para outro site. Neste caso, do site onde você está comprando publicidade para o seu site onde você está anunciando os seus programas de afiliados.
Na compra de tráfego – algo que irei explorar mais a fundo num outro artigo – existem vários fatores a ter em consideração quando se acompanha as estatísticas em tempo real no Google Analytics, uma vez que nem todo o tráfego irá converter da mesma forma no seu negócio. Mas mais importante do que o tráfego comprado, é perceber se esse tráfego está realmente a gerar o retorno expectável e perceber como escalar essa vertente de negócio para atingir novos patamares. Sendo assim, no Google Analytics, faça atenção às seguintes métricas:
Naturalmente, estas métricas são enquadráveis em qualquer estratégia que funcione com base na compra de publicidade ou tráfego, seja direto no publisher, seja via Facebook Ads ou outra plataforma qualquer. Ao nível dos formatos de compra de tráfego, considere os seguintes:
Todos estes canais são importantes de serem trabalhados. Naturalmente, de acordo com o seu site e o tipo de programas de afiliados com que trabalha, precisará sempre de realizar testes e perceber qual o tráfego que melhor converte do seu lado. Cada site é um site, e os níveis de conversão oscilam imenso consoante o tipo de produto que está promover e até a qualidade e navegabilidade do website em causa.
Se nunca trabalho com programas de afiliados, saiba que existem centenas de plataformas de afiliação no mercado, com ofertas de todo o tipo. Isso significa que encontrará programas de afiliados para quase todas as áreas de negócio, como telecomunicações, seguros, banca, desporto, etc. Cada plataforma tem os seus programas, empresas e campanhas, portanto, possivelmente acabará por se inscrever em mais do que uma plataforma, encontrando aquilo que procura.
Naturalmente, existirão ainda mais plataformas de afiliados no mercado. No entanto, esta lista contém aquelas que considero as mais importantes e relevantes para quem está a começar e/ou para quem procura alternativas viáveis à rentabilização do seu tráfego.
Um Abraço!
Paulo Faustino